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domingo, 6 de maio de 2012

Rede Butantã constrói Carta aos Candidatos á eleição Municipal.

A comunidade do Butantã conta com a rede Butantã, uma organização de pessoas, entidades e forças da região que se reúnem mensalmente na 1ª quarta feira do mês, de fevereiro a dezembro e, conta com um blog e grupo virtual onde debatem e encaminham soluções de melhoria de vida para as comunidades dos cinco distritos da região. Construíram essa carta, (abaixo) dirigida aos que vão nestas eleições de outubro de 2012, buscar votos na região, para que os mesmos comprometam-se com as reivindicações da população desta Subprefeitura.


Prezado(a) Candidato(a):
Na qualidade de moradores e/ou profissionais e entidades que atuam na região abrangida pela Subprefeitura do Butantã, que conta com uma população de cerca de 450 mil habitantes distribuída por cinco distritos – Butantã, Rio Pequeno, Vila Sonia, Raposo Tavares e Morumbi – com características diversas entre si, torna-se possível afirmar que a mesma apresenta uma visão condensada do conjunto dos problemas de nossa cidade: desigualdades, potencialidades e dificuldades. Assim, a mesma região em que se encontram casas de alto padrão no Morumbi, no Parque dos Príncipes e na Vila São Francisco, abriga mais de 80 favelas, retrato de um quadro gritante de injustiça, vulnerabilidade e exclusão social no qual se sobressaem questões agudas como o baixo nível de escolaridade e renda agravadas por uma enorme carência na oferta de serviços públicos de qualidade.
Bem sabemos que São Paulo é uma metrópole marcada por intensas contradições e isso não seria diferente aqui: se por um lado, no Butantã localiza-se a maior e mais importante instituição pública de ensino e pesquisa da América Latina, a Universidade de São Paulo, por outro, observa-se um escandaloso déficit de vagas em Centros de Educação Infantil (creches).  Em seu território encontram-se a sede do governo paulista (Palácio dos Bandeirantes), o Estádio Cícero Pompeu de Toledo (o Morumbi), o Instituto Butantan, a Casa do Bandeirante e a do Sertanista, como também parques lindos em que ainda são preservadas preciosas áreas verdes com remanescentes de mata nativa, nascentes e uma extensa e complexa rede hídrica.
            Em meio a tanta riqueza e a tanta diversidade, o Butantã se torna um lugar propício à ação de sujeitos sociais e políticos que, inconformados com os problemas enfrentados, dialogam, se articulam e se organizam por meio de Redes Sociais. Mas não se trata daquelas que se conectam apenas por computadores e que ostentam nomes vindos de fora, mas outras, em que prevalece a troca e o contato verdadeiramente humano e caloroso, que assume como sendo sua missão promover a união das pessoas, órgãos e entidades desta parte da capital paulista cujos nomes são bastante familiares: Rede Butantã, João XXIII, Educandário, Jardim d´Abril, Sapé, Água Podre, São Remo , Previdência, entre outras.  Estas redes se constituíram como espaços de troca entre moradores, profissionais, lideranças comunitárias, militantes, artistas e pesquisadores bem como representantes de ONGs e de órgãos públicos como Conselho Tutelar, CRAS, escolas, postos de saúde e parques, unidos em torno do sonho de uma cidade justa, democrática e solidária. Em encontros periódicos e frequentes, a realidade da região é conhecida, reconhecida, tecida, debatida, alterada. Neles são aprofundadas as  discussões e entendimentos compartilhados são construídos, a partir dos quais nascem propostas de políticas públicas.
Entre estas articulações genuinamente populares destacamos a Rede Butantã, que desde 2001 realiza reuniões na primeira quarta-feira de cada mês, de fevereiro a dezembro. De caráter propositalmente itinerante, tais reuniões constituem a oportunidade de participação e conhecimento dos vários distritos e bairros de nossa região, um palco de debates e posicionamentos com relação a questões que afetam direta ou indiretamente a vida dos moradores que vivem aqui.
Visando facilitar e intensificar a comunicação, a Rede Butantã tem também um grupo de discussão virtual do qual participam mais de 400 pessoas que trocam informações e opiniões através do endereço rbutanta@grupos.com.br.

Graças a este grande acúmulo obtido ao longo de seus 11 anos de existência, a Rede Butantã tomou a decisão de apresentar aos candidatos e candidatas às eleições municipais de 2012, uma relação das questões que consideramos serem as mais urgentes no que diz respeito à nossa região. Se não forem priorizadas, a qualidade de vida de centenas de milhares de moradores ficará bastante prejudicada. São elas:
Operação Urbana Vila Sonia – Como estabelece o Plano Diretor, a Gestão do território deve ter caráter descentralizado, sendo a Subprefeitura o local dos debates e referência nos processos de decisão. Contrariando essa diretriz e ignorando a participação da comunidade no debate sobre o tema, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano conduziu os encaminhamentos para a aprovação da Operação, apesar da grande rejeição ao projeto. A população da região, que conhece o histórico perverso dessas Operações, ao longo dos últimos 6 anos,  mobilizou-se através destas redes de contato  e conquistou via judicial a suspensão da Operação Urbana Vila Sonia, justamente por não garantir a participação verdadeiramente democrática prevista pelo Estatuto da Cidade e Plano Diretor;
Áreas verdes - Somos amplamente favoráveis ao tombamento ambiental da Chácara do Jóquei, assim como foi feito pelo CONPRESP (27/03/2012) com a Chácara da Fonte, para a qual a Associação Cultural do Morro do Querosene possui propostas de abertura e utilização. Apoiamos igualmente outras áreas em implantação (praça Júlio Dellaquila), como os parque lineares da região e projetos de Corredores Verdes (DGD-CO1 e SP-BT), ampliando assim as áreas permeáveis, de lazer, de preservação e de conectividade biológica entre os fragmentos verdes do Butantã;
Serviços públicos - Demandas, especialmente de serviços ligados à Educação (a busca por vagas em creches é uma constante em nossa região); Assistência Social: a Assistência Social do Butantã atualmente conta com um Centro de Referência de Assistência Social – CRAS para ofertar proteção social básica e especial em seu território de abrangência – distritos Vila Sonia, Butantã, Raposo Tavares, Rio Pequeno e Morumbi. Para maior alcance e efetividade na execução da política de assistência social se faz necessária a implementação de mais unidades de CRAS, bem como do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, todos com estrutura, serviços Socioassistenciais e RH compatíveis com as determinações do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e Norma Operacional Básica de Recursos Humanos – NOB RH.  

Saúde - Ausência de CAPS Infantil e de Álcool e Drogas; lentidão na implantação de PSF em alguns locais, além da dificuldade de atendimento nas UBS devido ao déficit de profissionais, dificultando o acolhimento, integralidade e equidade na atenção à saúde dos munícipes, não efetivação de políticas públicas de saúde para alguns segmentos mais vulneráveis, como por exemplo, população em situação de rua. Há necessidade de reconhecimento e valorização da participação e do controle social nos serviços de saúde;

Habitação – O plano Habitacional apresentado pela Secretaria da Habitação é baseado em Orçamento Municipal que não prioriza os investimentos em moradia popular, tornando-se um plano de longo prazo, descolado da dinâmica da cidade. Os projetos de urbanização e moradia de SEHAB para o Butantã, em razão do orçamento pífio, contempla apenas uma pequena parcela de uma enorme demanda. Além disso, as famílias do Real Parque, Sapé, Água Podre, Viela da Paz e Parque Rizzo contempladas nesses projetos,  em razão das remoções por estarem em áreas de riscos vivem em dificuldades: o repasse da verba do aluguel social não condiz com a realidade do mercado da região, obrigando essas famílias a se deslocarem para áreas distantes do seu convívio social e de trabalho. Os projetos de habitação não tem sido apresentados à população. 
Transportes – Apoio à execução dos projetos já desenvolvidos que visam melhorar a circulação dos pedestres, ciclistas (especialmente a ciclovia na avenida Eliseu de Almeida e acessos ao terminal Butantã) e coletivos em detrimento das propostas de obras viárias voltadas apenas aos automóveis de passeio. Necessidade de resolução imediata do congestionamento gerado na avenida Vital Brasil e rua Camargo após a abertura da estação do metrô Butantã.






Coleta seletiva: A implantação da Central de Triagem Parque Raposo Tavares, operada pela Cooperativa Vira Lata, criou um potencial para a expansão da coleta seletiva em nosso território.  No entanto, para a ampliação do programa de coleta seletiva faz necessário os órgãos públicos estabelecer um diálogo entre os envolvidos no processo e apoiar as cooperativas da região, com infra-estrutura e equipamentos, associada às campanhas de orientação e sensibilização dos munícipes.
Conselho de Representantes – o Butantã, especialmente por intermédio da Rede Butantã teve forte participação no debate que foi desenvolvido na Câmara de Vereadores sobre a implantação dos Conselhos de Representantes junto às Subprefeituras. Reiteramos nossa posição acerca da importância fundamental em que tenhamos canais de participação direta da população.

Conselho Tutelar - Após grande mobilização, comemoramos a criação do Conselho tutelar do Rio Pequeno, no entanto lamentamos a dificuldade de sua implementação para o efetivo funcionamento.
Rodovia Raposo Tavares: A discussão ampla com a comunidade visando encontrar soluções não rodoviaristas, planejadas para o longo prazo, que privilegiem o transporte público, as calçadas e ciclovias e a preservação da intensa vegetação que lindeira a Rodovia  precisa ser iniciada com urgência.

Todos estes temas são atualizados e novamente debatidos nas reuniões presenciais da Rede Butantã. As reuniões são abertas e não há necessidade de convite ou inscrição. As próximas acontecerão:

02 de maio – 9h00 – Salão da Igreja São Benedito (Rua Sílvio Dante Bertacchi, 505 – Vila Sonia)
06 de junho – 9h00 – Parque Alfredo Volpi (Av. Eng. Oscar Americano, 480).

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